Rede Matogrossensse de Hip Hop

17.4.07

ESTA CHEGANDO O DIA PRA GRANDE BATALHA

UNITED BLACK

O Grupo CONEXÃO DA RIMA, formado por integrantes da CUFA PVA, estiveram ao vivo no ultimo dia 14 de abril, no Programa BOTECO DO LUIZINHO, programa este assistido assiduamente por todos primaverenses, e que vai ao ar pela emissora SBT, relatando sobre a organização e os preparativos da grande Batalha de Break UNITED BLACK, batalha que contará ainda com Shows do Grupo Conexão da Rima, Du break Underground e vários grupos de todo o Centro Oeste, Grande Baile Black no comando de DJ BICHO de Cuiabá, e será realizada nos próximos dias 21 e 22 de abril.

Conexão da Rima ainda deram canja musical aos telespectadores, falaram de todos os trabalhos da CUFA desenvolvido em Primavera do Leste, dos municípios Mato-grossenses que dispõem da CUFA e reforçaram o convite a população a comparecerem na UNITED BLACK, que já tem presença confirmada de militantes da cultura hip hop dos municípios de Brasília (DF), Goiânia (GO), Rio Verde (GO), Jataí (GO), Ipora (GO) Bom Jardim (GO), Aragarças (GO), Campo Grande(MS), Barra do Garças (MT), Água Boa (MT), Rondonópolis (MT), Cuiabá (MT), Várzea Grande (MT), Sinop (MT), Peixoto de Azevedo (MT), Cáceres (MT), Barra do Bugres (MT).

Você não pode ficar de fora dessa, UNITED BLACK, alem de muita festa proporcionara a tao aguardada Batalha de B. Boys, com premiações em dinheiro, medalhas, troféu e mais trinta aparelhos celulares pós-pagos da Tim serão sorteados nos dois dias de Festa.




Isto é a CUFA PVA, Fazendo do Nosso Jeito, Juntos e Misturados.




"O Caminho da Resistência" no Diário de Cuiabá



Fonte: Pack Noleh - Núcleo de Comunicação


Foi veiculado ontem, dia 15 de abril, no Diário de Cuiabá uma matéria sobre o futuro CD de Linha Dura e Dj Taba, "O Caminho da Resistência".

Por Keka Werneck.

A seguir veja a matéria na integra.


Hip hop na cabeça
O lançamento de um CD, previsto para junho, é apenas um detalhe, neste movimento que veio pra valer e gerar mudanças Um nome sugestivo para um marco.

“O Caminho da Resistência” é o título do primeiro CD (álbum oficial) de rap de Mato Grosso. E se refere à seta que o movimento hip hop tem sido para a juventude da periferia, indicando luz no final de um túnel bem escuro e cumprido.


Para muitos, este facho luminoso mostra o rumo de volta do mundo do crime, da marginalidade, da exclusão. Onde o hip hop tem se feito presente vale o discurso do possível contra o da descrença, da auto-estima contra o racismo, da expectativa de vida contra a eugenia juvenil que se assiste hoje entre adolescentes. Na voz do rapper Linha Dura, 26 anos, e nas mãos do DJ Taba, 29, o que surge neste trabalho discográfico é mais do que um produto, eis a voz da periferia masterizada.

O lançamento está previsto para junho. “Com este CD esperamos chegar onde nossos braços, nossas ações, nossas oficinas não alcançam”, explica DJ Taba. Ele se refere à Central Única das Favelas (Cufa), movimento social que surgiu na Cidade de Deus, Rio de Janeiro.

Liderança nacional da Cufa, o rapper MV Bill também condensou esta bandeira de luta em produto cultural: o documentário “Falcão – Meninos do Tráfico”.

Outra referência do hip hop, Mano Brown lidera os Racionais MC’s e dissemina letras que são feito lanças a penetrar as vísceras sociais, sem pena, sem dó, sem licença, sem máscaras ou eufemismos.

É assim, neste intuito de ação, ideológico, social, cortante, que aporta o CD “O Caminho da Resistência”.

“Uma extensão da Cufa em Mato Grosso”, resume DJ Taba. E quebra paradigmas, não só por ser o primeiro disco oficial do rap de Mato Grosso. Mas é ainda o primeiro CD que sai com incentivo de lei.
“Que antes só tinha espaço para a cultura do caju”, alfineta o rapper Linha Dura.

Sai pelo selo Tchapado Groove. Está sendo pré-gravado no Boca de Disco e a finalização será feita no Estúdio Inca. O disco é um tentáculo de um trabalho diverso e incansável da Cufa Mato Grosso.

De sol à sol, em favor da juventude nascida e crescida na periferia das cidades, Cuiabá e interior (Sinop, Barra do Garças e Primavera do Leste).

São três anos de suor a serem completos no dia 22 de abril. Um domingo que será marcado, a partir das 16 horas, pelo mundo do hip hop, dança, música, militância, convidados, quem quiser ir. Com participação especial do projeto Flauta Mágica, oriundo do mesmo bairro que é berço da Cufa, em Cuiabá, o Jardim Vitória. Ali vão sobrar exemplos de que o jovem, mesmo o que já viu e viveu o crime, tem jeito.

A Cufa é a força que faz ruir teorias da descrença com essa moçada chamada de violenta e bandida, que mata e morre. Tira o ócio, põe ofício, travestido de arte.

Pack Noleh, 20 anos, grafiteiro, puxa gente do fundo do túnel, no Complexo do Pomeri. O desenho, a expressão artística, faz fluir em cada reeducando a possibilidade de fato de se reeducar, repensar a vida, sabendo da possível via que é o crime, conhecendo, porém, outras pegadas, a escolha pela paz construída na garra. “Através da imagem, talvez possam chegar a alguma conclusão sobre a própria vida”, acredita ele.

O grafiteiro faz performances em shows da dupla Linha Dura e Taba. Então, muito prazer, esta é a ideologia hip hop. “Uma revolta, um sentimento de inconformismo e ainda também uma forte espiritualidade e a veia de protesto”, resume Linha Dura. “Este disco, O Caminho da Resistência, não é um CD que representa somente nós, mas sim uma pá de desgraçados que vivem a mercê, num mundo desequilibrado”.

13.4.07

HIP HOP GOIANO

Já podemos notar que tudo deixou de ser brincadeira e o processo de amadurecimento já se encontra em estado adiantado, provocando uma série de reações, como a profissionalização do hip hop, do rap, do break, grafite e dj´s, assim como agora podemos nos apresentar pra um cenário do rap (saturado) nacional com muito mais conteúdo e peso...!
Exatamente, o peso ideal pra uma balança musical que há muito tempo se encontra desequilibrada. Na grande Goiânia, temos um cardápio de sonoridade, devidamente ativada e selecionada, nem melhor ou pior, diferente, que ora apresentamos nesses ultirmos 5 meses através de um ranking, que pelo q pude observar tem alavancado uma disputa que ao meu ver é saudável e até produtiva...
O ranking conta os acessos e também qtas vezes suas músicas foram executadas e baixadas, numa contagem simples e objetiva: os PlayHits! O sobe e desce é o mais interessante, posições alcançadas e outras perdidas mostram que as movimentações cíclicas que o hip hop exige tem se tornado uma realidade, desde o momento em que procuramos mostrar o nosso trabalho, bem como aceitamos perder ou ganhar uma mera posiição no ranking...
Agora contamos com o rapper Domba, e MDK, tb na contagem que não é regressiva e sim progressiva, e muitros e bons trabalhos estão se apresentando em grande estilo, com novas e velhas promessas talentosas, estilos musicais e sociais dividindo o mesmo tapete... issae! Confiram mais essa, e se puder, divulge pra sua lista de amigos, lista de e-mail´s, comunidades de orkut, mostre pra todo mundo, sua mãe, sua vó, sua vizinha (gata!) Vamos aparecer...
Quem não é visto não sobe no ranking! hahaha! Vamu q vamu! Claudim O Proprietário do Mundo! 5º Ranking Atualizado dos Myspaces do Hip Hop Go Hip Hop Goiano - 4º Ranking de PlayHits do Myspace Ranking de PlayHits dos Myspaces de Hip Hop Goiano:
Ouçam e divulguem os links aqui postados!
1º Testemunha Ocular [www.myspace.com/testemunhaocular] PlayHits: 15681
2º U Plano [www.myspace.com/uplano] PlayHits: 7071
3º DoxSoul [www.myspace.com/doxsoul] PlayHits: 6245
4º Gasper [www.myspace.com/gasperl2] PlayHits: 6147
5º Domba & Mortão [www.myspace.com/dombaemortao] PlayHits: 5899
6º Duo Infame [www.myspace.com/duoinfame] PlayHits: 5287
7º Família JD [www.myspace.com/familyjd] PlayHits: 4836
8º EpontoB [www.myspace.com/epontob] PlayHits: 4452
9º A Tropa [www.myspace.com/atropah2] PlayHits: 3617
10º Us Fulanus [www.myspace.com/usfulanus] PlayHits: 2629
11º Zilbra [www.myspace.com/zilbra] PlayHits: 2128 12
12º Mega Break [www.myspace.com/megabreakcrew] PlayHits: 1892
13º MDK [www.myspace.com/murdook] PlayHits: 1686
14º Negroativo [www.myspace.com/rarodiamante] PlayHits: 692
15º Som Ativo [www.myspace.com/somativo] PlayHits: 347
16º Rapper Nazo [www.myspace.com/rappernazo] PlayHits: 337
17º Domba [www.myspace.com/dombavmg] PlayHits: 320
*PlayHits= número de vezes que as músicas são executadas.
Atualização realizada dia 12/04/07 - 19:09 hs

12.4.07

Confira Entrevista com RAPPER LINHA DURA

HIP HOP CONSCIENTE






De meados da década de 90 para cá, o hip hop se consolidou em Cuiabá. As pessoas que militam nesse movimento passaram a atuar de forma mais organizada e planejada. São várias ações dirigidas para um público de alto risco social, para aqueles que estão do lado de fora, nos bairros mais distantes do chamado centro, as ditas periferias. A questão, centro e periferia, mostra que as cidades não são formadas aleatoriamente. Todo o seu traçado, a sua organização no espaço, se dá de acordo com critérios pré-estabelecidos. É onde se define o lugar de cada um, a sua posição social, o seu status quo. O centro é, assim, o lugar onde as decisões políticas acontecem. A Cufa – Cuiabá é a organização que realiza o Festival Consciência Hip Hop e que vem somando muito para o fortalecimento desse segmento por aqui. Eles têm muita consciência de que precisam ocupar seu lugar no centro das decisões e atuam nessa direção. Conversamos com o rapper Linha Dura, um dos coordenadores da Cufa-Cuiabá, sobre a cena hip hop em Mato Grosso: um trabalho que vem sendo realizado com muita garra e competência!



Overmundo: Você poderia se apresentar?



Linha Dura: Meu nome é Paulo, mais conhecido como Linha Dura. Sou rapper e milito no hip hop há, mais ou menos, onze anos, cantando rap, organizando eventos, produzindo oficinas... mais ou menos isso aí...Você representa a CUFA aqui também.



Overmundo: Como começou esse trabalho?



Linha: É... então, essa é uma palavra que a gente não costuma usar, representar... Sou um participante ou membro, como qualquer outro dentro da Central Única das Favelas. As pessoas falam, porque acabam me identificando assim e é até normal, é natural essa palavra. Me chamam de presidente, representante, e eu não sou muito fã disso.



Overmundo:Mas isso não é só pudor com a palavra, uma coisa politicamente correta?



Linha: Não, é mais no sentido de descentralizar, não vir em cima de hierarquia, é uma nova forma de visão mesmo, porque tem aquela coisa de dizer: Ah! o cara é presidente, eu sou aquilo, tenho que respeitar o cara. Acho que dentro de uma organização é legal que todos se sintam importantes dentro do processo e cada um tem seu valor ali. Então eu acho que é mais pra quebrar isso, essa coisa padrão que até em outras ONG's existe e tem muito aquela postura arrogante, acaba até sendo "umbiguista". O cara chega e diz: "eu sou presidente e tudo e tal", mas às vezes não representa nada. É muito complicado isso, ainda mais no rap que os caras falam "eu represento a minha quebrada" quando tá cantando, mas quando você chega na quebrada do cara ninguém conhece o cara, às vezes nem o vizinho dele sabe que ele canta rap, então é muito complicada essa coisa de representação.



Overmundo:Essa participação se dá como? Começou quando?



Linha: Isso aí começou com o nome da CUFA em 2004, quando o MV Bill veio, achou interessante aqui e a gente conversou. Acabou falando da CUFA. Surgiu naturalmente, só que é importante saber que, antes disso, a gente já tentava se organizar, a gente já vinha de um processo de discussão, apesar que, de 2001 pra trás, nós não conseguíamos ter uma organização, era muito bate-boca. De 2001 pra frente a gente começou a participar das discussões do Cubo Mágico, atual Espaço Cubo, falando sobre associação, falando de música, de organização. Foi onde a gente começou a ter uma visão do que seria a própria política mesmo, de discussão, de debate, e isso foi fortalecendo a gente. Então eu acho que o Espaço Cubo foi uma força ali também. No sentido de a gente poder ter uma direção de discussão, porque ali na periferia é foda, às vezes o cara não entende que você não é contra o cara, que você é contra as idéias dele, às vezes isso aí acaba gerando briga, de contato físico mesmo.



Overmundo: Você tá levando pro centro de novo, e aí? A periferia no centro, então no centro começa o nível de organização, faz sentido?



Linha: Isso é interessante na CUFA! Ela vem pro centro em busca da informação, que é onde tem mesmo e tenta espalhar o máximo na periferia. É um lance que, às vezes, os modelos de organizações, quando falam assim: "É a gente pela gente e não vamos conversar com esses playboys, com esse cara e tal". A gente não pensa assim, a gente quer dialogar com a classe média, com a alta, as elites, enfim, com quem quiser dialogar, para que a gente aprenda também esse outro universo, para que a gente possa aplicar dentro da periferia. Só que, numa coisa a gente é chato: nesses resultados, nessas participações, que nós da periferia sejamos os próprios protagonistas. Então, a questão de vir no centro é importante, porque muitas discussões estão no centro mesmo.



Overmundo: E como é que está o trabalho aqui em Cuiabá, a expansão dele, vamos dizer agora geograficamente, na geografia da cidade, os bairros, onde estão os maiores focos do movimento?



Linha: Jd. Vitória, Alvorada, que a gente começou agora, apesar de eu ser do Alvorada, mas acabou que não focalizou muito lá. Mas, Alvorada agora, Praieirinho desde o começo, Osmar Cabral... Esses são os bairros que a gente tem projeto, tinha em Várzea Grande também. Mas são esses bairros fortes que a gente trabalhou e tem vários bairros em que a gente atua e que é mais eventual, não tem nada fixo de base ainda.



Overmundo: E a interiorização desse trabalho no Mato Grosso?



Linha: Então, no estado... a gente está em processo de montar núcleos da CUFA. É natural, a gente não corre atrás, não, a gente vai trabalhando... Estamos indo com calma, é muita coisa, e às vezes não é legal a pessoa se perder.



Overmundo: E o Festival Consciência Hip Hop? Qual é a do Festival?



É o segundo ano que a gente faz. É um festival que tem uma circulação grande e a gente tá tentando levar o hip hop para o interior, para que o interior venha aqui pra capital participar e conhecer, ter oportunidade de ver shows diferentes, pessoas com um pouco mais de experiência. Estamos levando as oficinas para o interior por que lá é mais difícil o acesso, por exemplo, graffite, DJ, são coisas que não chegam lá. O interior é muito forte no break. Então a gente está levando essas outras oficinas, é legal que estamos fazendo o próprio mapeamento. Estão surgindo grupos no interior que a gente não sabia, pessoas boas que cantam rap também. Primavera do Leste tem dois grupos bons que eu nunca ouvi falar que vão se apresentar no Festival agora. O fato de a gente estar indo pro interior conhecer está legal pra caramba, nesse sentido, a gente acaba mapeando. Esse é um tema que a moçada da cultura está louca pra discutir, pra fazer acontecer rápido.



Overmundo: Vocês já têm um planejamento para a distribuição de conteúdo, para a distribuição das obras produzidas?



Não, a gente não tem isso, até porque não tem conteúdo. Tem pouca produção...Por exemplo, na área da música, CD, nenhum grupo de rap do Mato Grosso gravou ainda. Linha Dura e DJ Taba estão gravando agora. Estamos entrando no estúdio, vai sair lá por fevereiro, janeiro...


Overmundo: Voltando ao festival, como é que ele está sendo produzido, quem faz, quem organiza e quem está bancando?



Linha: A produção é da CUFA. Os recursos vêm pela Lei do Incentivo Estadual, da Prefeitura de Cuiabá através da Secretaria de Cultura e da SEJUSP, que é a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública. Basicamente o Festival está sendo construído através desses três parceiros e no interior as próprias prefeituras estão investindo. Isso que é legal, essa mobilização que a gente tem...



Overmundo: Vocês conseguiram construir uma situação interessante e trazer o poder público para dentro do movimento e o movimento também vai lá e passa a participar da gestão municipal...



Linha: Sobre esse lance do movimento entrar e participar, isso é importante porque eu vejo até a auto-gestão do processo, por exemplo, todo esse recurso da Secretaria, Lei do Incentivo, SEJUSP, Prefeitura de Cuiabá são recursos para Cuiabá, o festival está aqui em Cuiabá. Esse recurso não está indo pro interior, lá são outros multiplicadores que estão articulando, e sempre pautados naquilo: a gente tem que estar participando da discussão, nós temos que estar na frente, até porque a gente entende que o poder público só atende os desejos da sociedade quando ela se organiza e participa. Só que ele não é protagonista daquela ação, assim é a nossa compreensão. Então nós acabamos nos fortalecendo com isso, apesar de ter muito cara que não compreende nem o processo de produção, que é até normal dentro da periferia em si e a gente luta um pouco ainda com a falta de informação também. Enfim, o Festival está sendo algo novo pra gente, pra Mato Grosso está sendo algo novo com uma produção que a gente nunca fez também, está acima do nosso conhecimento. A gente está aprendendo, um pouco na prática, como é que faz um festival com um investimento aí, em torno de, setenta mil, oitenta mil reais.



Overmundo: E a tecnologia? Como vocês interagem?



Linha: Isso foi uma coisa importantíssima pra gente, eu mesmo conheci a internet em 2004, depois de 2004 o nível foi louco... E hoje a gente vê vários casos na periferia em que os caras já têm uma noção. Isso facilita porque a gente acaba tendo conhecimento muito rápido das coisas que estão acontecendo. Aqui na CUFA a gente utiliza legal cara, é aquilo que eu falei, a gente vai pras discussões e a gente aprende muita coisa. Hoje sem a tecnologia a gente não consegue produzir. Por exemplo, hoje a gente tem um estúdio de gravação aí, é a tecnologia, é máquina, é produção independente nossa, não precisa mais de outro estúdio.



Overmundo: Como é que vocês se sustentam na CUFA?



Linha: Nessas parcerias nós vamos basicamente com a formação. Então a gente vai com as oficinas na base e temos um modelo de oficina que são para seis meses, e dentro desses seis meses a gente fecha com um parceiro, aí o parceiro paga todos os profissionais. A gente vai trabalhando nesse sentido, e tem as manobras que a gente faz: um profissional que ganha seiscentos reais racha ali com outro, que não está no projeto, mas está fazendo outra função, e a gente se multiplica. Cada um tira mais que um salário mínimo. Hoje são, mais ou menos, treze pessoas empregadas diretamente. A gente tá vivendo disso. Fora os shows, às vezes, Linha Dura e DJ Taba fazem shows e é quinhentos de cachê, é mil, e a gente joga pra dentro, distribui ali pra outras pessoas que estão trabalhando mas não recebem, não tem um dinheiro fixo. Mas tem uma coisa que a gente prioriza, até porque não tem como não priorizar: a pessoa que está trabalhando tem que receber. Nós não vamos conseguir fazer com que a gurizada venha trabalhar totalmente de graça, porque precisa levar arroz e feijão pra casa dele. Então, é diferente da pequena burguesia. Por exemplo, o Espaço Cubo, os caras já têm uma estrutura, nós já não temos estrutura. Se a gente não leva arroz e feijão a gente vai ter que ir trabalhar de pedreiro, vai ter que fazer bico, aí a CUFA acaba não crescendo, então a gente tem que batalhar sobre isso aí.



Overmundo: E o CD que você está gravando?



Linha: O CD é o seguinte, ele está sendo estudado muito em cima do processo local com o universal, que é o siriri e cururu com o Rap. Cara vai ser um CD interessante, vai ser bacana porque vai ser diferente.



Overmundo: Vai ser uma produção que a galera não está acostumada a ouvir, até porque o siriri é bem regional, né?



Linha: A gente tá colocando viola de cocho, o ganzá, os refrões, as músicas cantadas e a batida do Rap. Já tem uma experiência, a galera aceitou legal e o disco tá praticamente em cima disso. São onze anos escrevendo as letras do disco, é um disco que tem sentimento mesmo, não é aquela coisa, produto em si. A gente tá levando alma, tá levando sentimento, tá levando todas as nossas ideologias, tudo o que a gente pensa de verdade tá ali naquele disco e muita gente vai se assustar, até os próprios investidores.



Overmundo: Quem está investindo?



Linha: A Lei de Incentivo à Cultura, cara.



Overmundo: Aqui em MT, parece que o Fundo Estadual de Cultura, a nossa Lei do Incentivo, é mais fundamental ainda. Por que acontece isso? Não tem mercado ainda? O que você acha?



Linha: Olha só...É uma coisa que o artista ao longo do tempo deve se desvencilhar, ou você acha que o estado tem que bancar? Não, eu acho que o estado tem que dar um pontapé inicial, saca? Não deve ser o protagonista daquilo. A Lei do Incentivo tá aí, é a primeira vez que a música rap pega um incentivo dessa lei, é a primeira experiência e eu acho que ano que vem, com certeza, nós não vamos pegar. Vamos criar outras maneiras e que outras pessoas que nunca gravaram possam pegar. A gente construiu um estúdio agora e ele vai tá também propondo gerar essa produção e quem sabe a gente não entra pra prensagem... Mas, na verdade, a gente tem que esquecer um pouco mesmo o Estado e buscar outros setores, outras alternativas, porque o Estado não é tudo né, cara!



Overmundo: Não pode ser, mesmo! Se for, vai ser um desastre. No trabalho de vocês existe essa preocupação de realmente propiciar o espaço pra novos protagonistas?



Linha: Esse é um trabalho fundamental, é o primordial na CUFA, a inclusão. Nós, da CUFA, todos fomos incluídos. A gente acordava de manhã, trabalhava, tinha um sonho disso. A CUFA trabalha muito com esse lance do sonho da pessoa: "Ah, você quer ser o quê?" Tem um camarada agora aí: matou cinco caras, tem uma vida desestruturada mesmo, a gente começou a incentivar, estamos trabalhando pra que o cara daqui a um ano seja o responsável do núcleo de áudio-visual da CUFA. O cara tá lá, ganhou uma bolsa pra um curso de pós-graduação de cinema, tá ali trocando experiência. Por isso que eu falo da importância de ir pro centro nas discussões, lá estão as pessoas que têm capacidade de passar uma informação diferente. Se a gente ficar só lá no bairro, na comunidade... Cara, é o que a minha vida foi na comunidade, vendi maçã e laranja na rua, a noite ia jogar sinuca com a gurizada, bebia num boteco e tal, fumava maconha e por aí vai. Então, hoje o que acontece, eu tenho um diálogo com o prefeito, tenho diálogo com os secretários municipais, tenho diálogo com várias pessoas da sociedade que respeitam nosso trabalho, então eu sou incluído também, sabe? Hoje, dessas, mais ou menos, quarenta pessoas que trabalham na CUFA, todos vieram desse patamar mesmo. Claro que têm pessoas mais capacitadas, porque às vezes teve uma base familiar melhor, estudou um pouquinho mais, aí já sabe dialogar um pouquinho melhor. Hoje, a gente senta com várias pessoas e consegue conversar.



Overmundo: Depende muito do esforço de cada um...



Linha: É, depende do esforço, mas, mais ainda da oportunidade.



Overmundo: Tem esperança...



Linha: Tem, tem sim!



Overmundo: Vai uma palhinha do rapper Linha Dura?



Linha: Deixa eu ver aqui..."Às vezes eu me sinto uma pessoa tão inútil / Acabo acreditando que tudo que faço não passa de uma coisa fútil / Eu me deparo com um grande muro em minha frente, mas eu não desisto pois estou na linha de frente / Agora é a hora, a hora é agora, de enfrentarmos essa batalha, mas com informação, educação e sem arma / O hip hop é a família organizada, R.A.P. Revolução Através das Palavras que bem rimadas, vidas resgata..." É por aí.